A Exumação
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A Exumação

A Exumação

Enquanto a matéria do indivíduo morto se transforma pela decomposição, são realizadas as iniciações (aije) dos rapazes jovens da aldeia. É a partir da iniciação que se permite o acesso aos segredos do mundo ancestral, inacessíveis às mulheres e às crianças. E é apenas após esse ritual de iniciação que o jovem homem pode ter uma mulher, da metade oposta à sua, com a qual terá filhos.

No dia seguinte ao ritual aije, restos mortais são retirados da cova rasa, dando lugar aos pertences do falecido para que sejam incinerados.

Os ossos do morto são levados a um rio, onde deverão ser cuidadosamente lavados pelo aroe maiwu, seu representante social. O representante do finado assumirá um papel ativo na desfiguração e posterior refiguração do indivíduo morto. Como retribuição, receberá inúmeros enfeites da família do finado, com um arco, nomes e a possibilidade de casar-se com uma mulher do clã do morto.

Os ossos, depois de lavados, são cuidadosamente dispostos em um cesto de palha que será levado de volta à aldeia e entregue à mãe ritual do morto, responsável por carregar o cesto até a casa dos homens, onde serão ornamentados.

A partir daí, serão três dias (tríduo) de intensos rituais, com muita música e dança. Ao dançar no pátio central, o aroe maiwu carrega consigo algum objeto que pertencia ao morto. Este contato estabelecido entre o representante e o morto (simbolizado pela presença daquele objeto), demonstra o elo ali consagrado.

A forma esteticamente cuidada como o aroe maiwu se apresenta, dançando em movimentos leves puxados pelo som dos maracás, contrasta com a impactante imagem da desfiguração daquele a quem ele representa.

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