O Morimbundo - O enfeite do Corpo
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O Morimbundo

O Morimbundo – O enfeite do Corpo PRIMEIRA ETAPA

A morte para um indivíduo bororo é experimentada por ele antes mesmo de acontecer de fato. Quando não ocorrida de forma repentina, como consequência de uma doença, por exemplo, o prognóstico do fim próximo, realizado por um xamã, faz com que o ritual fúnebre se inicie dias antes do evento propriamente dito.

Uma vez previsto o tempo em que decorrerá a morte, a alimentação do doente é suspensa e ali já são iniciadas as primeiras atividades do funeral. Todo o seu corpo é revestido com tinta de urucum e enfeitado com penas e plumas. A partir daí, como nos preparativos de uma festa, são iniciados longos cânticos que se estenderão por todas as fases do extenso ritual fúnebre.

Ao analisar cuidadosamente a maneira de lidar com a morte na cultura Bororo, percebe-se como se dá a consciência dos processos de transformação daquele povo.  Viver ritualisticamente cada uma das etapas de um processo é uma forma de controlá-lo, de tomar consciência, de atribuir a ele significado.

Tendo em vista que aquele indivíduo passará pelo estágio de transformação material para alcançar o seu lugar na aldeia dos mortos, ele deverá ser preparado concretamente para os processos de desfiguração pelos quais passará. Sendo assim, o enfermo será esteticamente manipulado de forma a enfatizar as características de seu pertencimento clânico, ou seja, enfatiza-se aquilo que deve desaparecer.

Vale ressaltar que, apesar de impostas, as mudanças são aceitas pacificamente pelo doente, que se comporta de maneira a não contestar ou lutar contra as definições ali colocadas.

Os cabelos do indivíduo são cortados de modo tradicional, o corpo é untado com urucum, pinturas ornamentam o rosto, e os adornos plumários são dispostos de forma a seguir os padrões característicos do clã ao qual pertence.

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