Os Bororo
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Bororo

Os Bororos são uma tribo indígena do estado do Mato Grosso. Há registros da presença desta população, inicialmente contabilizada em 10 mil indivíduos,  ocupando uma extensa região que incluía, além das margens do Rio Xingu, a Bolívia e a região centro sul de Goiás.

Atualmente, restam apenas cerca de 2000 representantes deste povo, os quais detêm seis terras indígenas demarcadas em Mato Grosso. Contudo, este território é descontínuo e descaracterizado, correspondendo a uma área 300 vezes menor do que o território inicial.

Das seis terras indígenas acima citadas, apenas quatro estão registradas e homologadas, permitindo o seu total usufruto. Uma delas, entretanto, está ocupada por uma cidade apesar de ter sido reservada aos indígenas da região de Jarudori pelo então Serviço de Proteção ao Índio – SPI, órgão governamental que deu lugar à FUNAI – Fundação Nacional do Índio. A outra, denominada Terra Indígena Teresa Cristina, teve o seu procedimento demarcatório derrubado por decreto presidencial na fase da delimitação, estando atualmente sub júdice.

Tradicionalmente coletores e caçadores, adaptaram suas práticas com o passar do tempo e têm hoje na agricultura o seu meio principal de subsistência. Outras atividades econômicas presentes na rotina Bororo são o comércio de artesanato, a pesca e a prestação de serviços nas propriedades rurais da região.

Enquadrados no tronco linguístico Macro-Jê, os Bororos designam sua língua original como Boe Wadáru. Quase toda a população domina a língua bororo, sendo esta a principal forma de comunicação no cotidiano das aldeias. A língua portuguesa faz parte da grade curricular  das escolas frequentadas por eles, mas apesar do ensino bilíngue, o português é utilizado apenas nas situações de contato interétnico.

Os Bororo ou Boe, expressão usada como auto denominação, são caracterizados por uma complexa e rígida organização social que tem na aldeia a sua unidade política. A classificação dos indivíduos e os papéis assumidos no grupo se dão pela diferenciação relacionada à divisão exogâmica da aldeia e pela constituição dos clãs e linhagens que se estabelecem a partir de uma descendência matrilinear.

A aldeia apresenta uma disposição circular, sempre dividida em duas metades (Tugarege e Ecerae). Cada metade, por sua vez, é dividida em clãs e sub-clãs.

A distinção entre as metades, clãs e sub-clãs são refletidas nas prescrições, restrições e nas posições que os indivíduos ocupam na hierarquia social. Ali são definidos privilégios, regras relativas à escolha do parceiro matrimonial, tabus relativos à técnica e ao estilo imputado nos objetos manufaturados, participações em cerimônias e ritos de passagem.

Como exemplo, podemos citar o fato de um indivíduo pertencente à metade Tugarege deve casar-se apenas com alguém da outra metade, Ecerae.

São dotados de uma rica vida cerimonial, tendo os rituais uma forte presença na construção de sua identidade e cultura. Os ritos de passagem, eventos em que os indivíduos passam de uma categoria social a outra, têm especial lugar de destaque entre as cerimônias Bororo. Entre os principais estão a nominação, a iniciação e o funeral.

Os rituais são intimamente ligados e destinados à natureza e aos espíritos contidos nas diversas espécies naturais, sejam elas animais ou vegetais.

As leis que orientam o comportamento bororo são extremamente rigorosas e, na quase totalidade do tempo, obedecidas por seus integrantes. Qualquer desvio provoca um sentimento de desequilíbrio a ser considerado não apenas pelos indivíduos envolvidos no evento, como por todo o grupo. A busca pelo equilíbrio é um dos princípios de grande importância dessa etnia.

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