Blog
Loading...
Leia mais

Em 1985, em uma imersão de um grupo de pesquisadores na sociedade Bororo, foram feitos registros fotográficos e audiovisuais, com o devido consentimento e autorização da população em questão, de um dos rituais mais simbólicos e ricos daquele povo - o Funeral.

As imagens produzidas mantiveram-se, até o presente momento, em acervo particular do fotógrafo Kim, sem que sobre elas fossem destinados os cuidados e técnicas de arquivamento e catalogação merecidos.

Kim, autor dos citados registros e idealizador da salvaguarda que garantisse a proteção deste material etnográfico, realizou diversas viagens de campo entre o período entre 1985 a 1986, oportunidades em que conseguiu estabelecer a proximidade necessária para que fosse dada a autorização para a captação das imagens.

Como a continuidade dos ritos funerários está ameaçada por uma série de motivos, sejam eles relacionados à restrições ambientais, políticas ou consequentes de uma adaptação cultural, a riqueza da produção fotográfica que aqui se apresenta denota a ela uma imensa importância, não apenas em nome da memória da comunidade Bororo, como para a história material e imaterial de um país tão diverso como o nosso.

O propósito desta exposição é o resgate deste acervo e a sua disponibilização ao público em geral.

 

A viagem

Saímos de Brasília rumo à aldeia Córrego Grande, distante 240 quilômetros de Cuiabá, no Mato Grosso, no início de novembro de 1985. No meu fusquinha azul eu, Waldir Pina de Barros e Francisco Pereira. Ele responsável pela captação do som, eu e Waldir formamos a dupla de fotógrafos. Na bagagem, câmeras Nikon, um gravador Nagra IV, filmes 35 mm, Tri-X, para o Preto & Branco e cromos para cor. A minha câmera era um modelo F-2 e, nessa época, eu ainda era apaixonado pela Leica M3, equipamento que Cartier Bresson também usava, e a usei com lentes 35, 50 e 90mm. Por ser muito silenciosa, já que não possui espelhos, a pequena câmera me ajudou bastante.

Era a segunda vez que iríamos entrar na terra dos Bororo, povo indígena pertencente ao tronco linguístico Macro-Jê.  Em julho daquele mesmo ano, a convite de Waldir, fotografamos o ritual do Mori, a vingança do finado dentro do funeral Bororo. Agora, estávamos de volta para documentar a cerimônia de todo um funeral, um rito de profundo significado antropológico. Para isso, contamos com o apoio dos indigenistas Antônio João e Edevar Sardinha, mas nada seria possível sem o apoio da Universidade Federal do Mato Grosso, principalmente por meio das antropólogas Joana Fernandes e Fátima Roberto.

Quando fomos avisados pelas antropólogas sobre a possibilidade de documentar um funeral, eu era funcionário público, trabalhava como fotógrafo do CNPq, e não poderia abandonar meu emprego por dois meses seguidos. Tentei até o limite final do tempo uma licença, mas não consegui. Como o desejo era grande, acabei indo. O que causou minha demissão logo depois.

Por recomendação da Funai nos instalamos próximo à casa do chefe do Posto, cerca de três quilômetros da aldeia, na beira do Rio São Lourenço, um dos formadores do Pantanal. Nosso cotidiano se misturava ao cotidiano da aldeia. De manhã preparávamos a nossa comida constituída basicamente de arroz com carne de sol, pois não conseguíamos pescar. Todas as tardes, com o equipamento nas costas, seguíamos a pé em direção à aldeia. Era principalmente no pôr do sol que os índios entoavam seus cânticos e dançavam em torno da cova rasa, no meio do pátio. Era também assim, até de noitinha, que os cantos se transformavam em lamentos ecoando na imensidão do cerrado.

 

Créditos

Lucio França Teles, pesquisador beneficiário FAPDF
Gilberto Lacerda Santos, pesquisador coordenador
Tarcísio Paniago de Oliveira Rocha, assistente de produção
Inaê Quirino dos Santos, antropóloga
Kim-Ir-Sen Pires Leal, fotografia
Didier Max, programação lógica
 
Agradecimentos:
Olivier Boëls
Nísia Sacco
Leia mais
A Ornamentação dos Ossos e o Cortejo Final

A ornamentação dos ossos ocorre em um ambiente restrito, construído com paredes feitas com esteiras de palha, dentro da casa dos homens. Uma esteira é colocada para que as mulheres e as crianças não possam ver os ossos serem adornados. Todo o processo é acompanhado de cantos, choros e escarificação (cortes feitos com cacos de vidro pelo corpo) por parte das mulheres ligadas ao morto. Vale dizer que este é o momento mais solene e de maior comoção. Segundo expectadores do evento, a cena assemelha-se à uma catarse coletiva.

Cabe ao aroe maiwu o tingimento dos ossos maiores e do crânio, sendo este último tratado especialmente e adornado com penas em um padrão que remete ao utilizado pelo clã do morto. Para aquela sociedade, a ornamentação faz parte do processo de transformação dos ossos em alma, fazendo com que o envolvimento empreendido ali seja ainda mais intenso.

Uma vez ornamentados, os ossos são colocados em uma bandeja de palha, transmitida aos parentes do finado, passando a ser carregada como os cuidados semelhantes aos destinados a um bebê. Dali, passam para um grande cesto (aroe j'aro) em uma tentativa de se preservar a ordem óssea do corpo enquanto vivo.

Um cantador experiente, o aroe et-awari are, xamã das almas, evoca a alma do finado para que esta ocupe agora sua nova morada. Todas as outras almas são também evocadas para que ajudem o morto a entrar na aldeia dos mortos.

O cesto contendo os ossos é costurado e para amarrá-lo são usadas tranças de cabelos dos parentes do morto. A mãe ritual do morto carrega o cesto em um percurso ritualístico por toda a aldeia, concluindo o seu trajeto em sua casa, onde os ossos descansarão por uns dias.

Em seguida, os restos mortais são transferidos para a urna funerária, que é levada pelo xamã e outros homens para águas que banhem a aldeia. Ali, o aroe maiwu se encarregará do sepultamento definitivo, perfurando o cesto para que a água possa entrar, fazendo com que o cesto afunde.

Leia mais

Os Bororos são uma tribo indígena do estado do Mato Grosso. Há registros da presença desta população, inicialmente contabilizada em 10 mil indivíduos,  ocupando uma extensa região que incluía, além das margens do Rio Xingu, a Bolívia e a região centro sul de Goiás.

Atualmente, restam apenas cerca de 2000 representantes deste povo, os quais detêm seis terras indígenas demarcadas em Mato Grosso. Contudo, este território é descontínuo e descaracterizado, correspondendo a uma área 300 vezes menor do que o território inicial.

Das seis terras indígenas acima citadas, apenas quatro estão registradas e homologadas, permitindo o seu total usufruto. Uma delas, entretanto, está ocupada por uma cidade apesar de ter sido reservada aos indígenas da região de Jarudori pelo então Serviço de Proteção ao Índio – SPI, órgão governamental que deu lugar à FUNAI – Fundação Nacional do Índio. A outra, denominada Terra Indígena Teresa Cristina, teve o seu procedimento demarcatório derrubado por decreto presidencial na fase da delimitação, estando atualmente sub júdice.

Tradicionalmente coletores e caçadores, adaptaram suas práticas com o passar do tempo e têm hoje na agricultura o seu meio principal de subsistência. Outras atividades econômicas presentes na rotina Bororo são o comércio de artesanato, a pesca e a prestação de serviços nas propriedades rurais da região.

Enquadrados no tronco linguístico Macro-Jê, os Bororos designam sua língua original como Boe Wadáru. Quase toda a população domina a língua bororo, sendo esta a principal forma de comunicação no cotidiano das aldeias. A língua portuguesa faz parte da grade curricular  das escolas frequentadas por eles, mas apesar do ensino bilíngue, o português é utilizado apenas nas situações de contato interétnico.

Os Bororo ou Boe, expressão usada como auto denominação, são caracterizados por uma complexa e rígida organização social que tem na aldeia a sua unidade política. A classificação dos indivíduos e os papéis assumidos no grupo se dão pela diferenciação relacionada à divisão exogâmica da aldeia e pela constituição dos clãs e linhagens que se estabelecem a partir de uma descendência matrilinear.

A aldeia apresenta uma disposição circular, sempre dividida em duas metades (Tugarege e Ecerae). Cada metade, por sua vez, é dividida em clãs e sub-clãs.

A distinção entre as metades, clãs e sub-clãs são refletidas nas prescrições, restrições e nas posições que os indivíduos ocupam na hierarquia social. Ali são definidos privilégios, regras relativas à escolha do parceiro matrimonial, tabus relativos à técnica e ao estilo imputado nos objetos manufaturados, participações em cerimônias e ritos de passagem.

Como exemplo, podemos citar o fato de um indivíduo pertencente à metade Tugarege deve casar-se apenas com alguém da outra metade, Ecerae.

São dotados de uma rica vida cerimonial, tendo os rituais uma forte presença na construção de sua identidade e cultura. Os ritos de passagem, eventos em que os indivíduos passam de uma categoria social a outra, têm especial lugar de destaque entre as cerimônias Bororo. Entre os principais estão a nominação, a iniciação e o funeral.

Os rituais são intimamente ligados e destinados à natureza e aos espíritos contidos nas diversas espécies naturais, sejam elas animais ou vegetais.

As leis que orientam o comportamento bororo são extremamente rigorosas e, na quase totalidade do tempo, obedecidas por seus integrantes. Qualquer desvio provoca um sentimento de desequilíbrio a ser considerado não apenas pelos indivíduos envolvidos no evento, como por todo o grupo. A busca pelo equilíbrio é um dos princípios de grande importância dessa etnia.

Leia mais

A

* Aaru: espécie de bolo preparado com um tatu moqueado, triturado em pilão e misturado com farinha de mandioca.
* Abá (avá - auá - ava - aba): homem, gente, pessoa, ser humano, índio.
* Ababá: tribo indígena tupi-guarani que habitava as cabeceiras do rio Corumbiara (MT).
* Abacataia: peixe de água salgada, parecido com o peixe-galo.
* Abaçaí: perseguidor de índios, espírito maligno que perseguia e enlouquecia os índios.
* Abaetê: pessoa boa, pessoa de palavra, pessoa honrada.
* Abaetetuba: lugar cheio de gente boa.
* Abaité: gente ruim, repulsiva, estranha.
* Abanheém: (awañene) língua de gente, a língua que as pessoas falam.
* Abaquar: senhor (chefe) do vôo, homem que voa.
* Abaré: (aba - ré - rê - abaruna)amigo.
* Abaruna: (abuna)amigo de roupa preta, padre de batina preta.
* Abati: milho, cabelos dourados, louro.
* Acag: cabeça.
* Acará: (acaraú) garça, ave branca.
* Acaraú: acaraí, acará, rio das garças. Diz-se que a grafia com a letra u, com o som de iy).
* Acemira: acir, o que faz doer, o que é doloroso (moacir).
* Açu: (iguaçu, paraguaçu) grande, considerável, comprido, longo.
* Aguapé (tupi): (awa'pé) redondo e chato, como a vitória-régia, plantas que flutuam em águas calmas.
* Aimará: túnica de algodão e plumas, usada pelos guaranis.
* Aimirim: aimiri, formiguinha.
* Airequecê: lua.
* Airumã: estrela-d'alva.
* Aisó: formosa.
* Aiyra: filha.
* Ajubá: (itajubá) amarelo.
* Akitãi: (irakitã - muirakitã) baixo, baixa estatura.
* Amana: (amanda) chuva.
* Amanaci: (amanacy) a mãe da chuva.
* Amanaiara: a senhora da chuva ou o senhor da chuva.
* Amanajé: mensageiro.
* Amanara: dia chuvoso.
* Amanda: amana, chuva.
* Amandy: dia de chuva.
* Amapá: (ama'pá) árvore de madeira útil, e cuja casca, amarga, exsuda látex medicinal.
* Amerê: fumaça.
* Ami: aranha que não tece teia.
* Anauê: salve, olá.
* Andira: o senhor dos agouros tristes.
* Andirá: morcego.
* Anhangüera: diabo velho.
* Anomatí: além, distante.
* Antã (atã): forte.
* Anacê: parente.
* Anajé: gavião de rapina.
* Aondê: coruja.
* Ape'kü: (apicum) mangue, brejo de água salgada.
* Apoena: aquele que enxerga longe.
* Apuama: veloz, que tem correnteza.
* Aquitã: curto.
* Aracê: aurora, o nascer do dia.
* Aracema: bando de papagaios (periquitos, jandaias, araras).
* Aracy: a mãe do dia, a fonte do dia, a origem dos pássaros.
* Aram: sol.
* Arani: tempo furioso.
* Arapuã: abelha redonda.
* Arapuca: armadilha para aves.
* Araxá: lugar alto onde primeiro se avista o sol.
* Auá: (avá, abá) homem, mulher, gente, índio.
* Avaré: (awa'ré, abaré) amigo, missionário, catequista.
* Avati: gente loura (abati, auati).
* Awañene: (abanheém) língua de gente, a língua que as pessoas falam.
* Ayty: ninho (parati).

B

* Babaquara: tolo, aquele que não sabe de nada.
* Bapo: chocalho usado em solenidades.
* Baquara: sabedor de coisas, esperto.
* Biboca: moradia humilde.

C


* Caá: kaá, mato, folha.
* Caapuã: aquele ou aquilo que mora (vive) no mato.
* Caboclo: (kariboka) procedente do branco, mestiço de branco com índio (cariboca, carijó, caburé, tapuio).
* Caburé (tupi): kaburé, caboclo, caipira.
* Canoa: embarcação a remo, esculpida no tronco de uma árvore; uma das primeiras palavras indígenas registradas pelos descobridores espanhóis.
* Capenga: pessoa coxa, manca.
* Cari: o homem branco, a raça branca.
* Carió: procedente do branco, caboclo, antiga denominação da tribo indígena guarani, habitante da região situada entre a lagoa dos Patos (RS) e Cananéia (SP), (carijó).
* Carioca: kari'oka, casa do branco.
* Cuica: ku'ika,espécie de rato grande com o rabo muito comprido.
* Curumim: menino (kurumí).

D

* Damacuri: tribo indígena da Amazônia.
* Deni: tribo indígena aruaque(aruake), que vive pelos igarapés do vale do rio Cunhuã, entre as desembocaduras dos rios Xiruã e Pauini, Amazônia. Somam cerca de 300 pessoas, e os primeiros contatos com a sociedade nacional ocorreram na década de 60.

E

* Eçaí: olho pequeno.
* Eçaraia: o esquecimento.
* Etê: bom, honrado, sincero.

F

* Não há vocábulos.

G


* Galibi: tribo indígena da margem esquerda do alto rio Uaçá, Amapá.
* Geribá: nome de um coqueiro.
* Goitacá: nômade, errante, aquele que não se fixa em nenhum lugar.
* Guará (1): iguara, ave das águas, pássaro branco de mangues e estuários.
* Guará (2): aguará, aguaraçu, mamífero (lobo) dos cerrados e pampas (açu).
* Guarani (1): raça indígena do interior da América do Sul tropical, habitante desde o Centro Oeste brasileiro até o norte da Argentina, pertencente à grande nação tupi-guarani.
* Guarani (2): grupo lingüístico pertencente ao grande ramo tupi-guarani, porém mais característico dos indígenas do centro da América do Sul.
* Guaratinguetá: reunião de pássaros brancos.
* Guariní: guerreiro, lutador.

I

* I: água, pequeno, fino, delgado, magro.
* Iaé (kamaiurá): lua.
* Iandé: a constelação Orion.
* Iandê: você.
* Iba: (iwa, iua, iva) ruim, feio, imprestável (paraíba).
* Ibi: terra.
* Ibitinga: terra branca (tinga).
* Ig: água.
* Iguaçu: água grande, lago grande, rio grande.
* Ipanema: lugar fedorento.
* Ipiranga: rio vermelho.
* Ira: mel (iracema, irapuã).
* Iracema: lábios de mel (ira, tembé, iratembé).
* Irapuã: mel redondo (ira, puã).
* Ita: pedra (itaúna).
* Itajubá: pedra amarela (ita, ajubá).
* Itatiba: muita pedra, abundância de pedras (tiba).
* Itaúna: pedra preta (ita, una).
* Ité: ruim, repulsivo, feio, repelente, estranho (abaité).
* Iu: (yu, ju) espinho, (jurumbeba).

J


* Jabaquara: rio do senhor do vôo (iabaquara, abequar).
* Jacamim: ave ou gênio, pai de muitas estrelas (yacamim).
* Jaçanã: ave que possui as patas sob a forma de nadadeiras, como os patos.
* Jacaúna: indivíduo de peito negro.
* Jacu: (yaku) uma das espécies de aves vegetarianas silvestres, semelhantes às galinhas, perus, faisões.
* Jacuí: jacu pequeno.
* Jaguar: yawara, cão, lobo, (guará).
* Juçara: palmeira fina e alta com um miolo branco, do qual se extrai o palmito.
* Jurubatiba: lugar cheio de plantas espinhosas (ju - ru - uba -tiba).
* Jurubeba: planta espinhosa e fruta tida como medicinal.
* Jururu: de aruru, que significa triste.

K

* Kaapora: aquilo ou quem vive no mato, (caapora, caipora).
* Kamby: leite, líquido do seio.

L

* Laurare (karajá): marimbondo.
* Lauré (pauetê-nanbiquara): arara vermelha.

M

* Manau: tribo do ramo aruaque(aruake) que habitava a região do rio Negro.
* Manauara: natural de, residente em, ou relativo a Manaus (capital do estado do Amazonas).
* Mairá: uma das espécies de mandioca.
* Maní: deusa da mandioca, amendoim (maniva).
* Manioca: mandioca (a deusa Maní, enterrada na própria oca, gerou a raiz alimentícia).
* Mandioca: aipim, macaxeira, raiz que é principal alimento dos índios brasileiros.
* Maracá: mbaraká, chocalho usado em solenidades.
* Massau: uma das espécies de macaco, pequeno e de rabo comprido, (sagüi).
* Membira: filho ou filha.
* Motirõ: mutirão, reunião para fins de colheita ou construção.

N

* Nanbiquara: fala inteligente, de gente esperta.
* Nhe: nhan, falar, fala, língua.
* Nhenhenhém: nheë nheë ñeñë, falação, falar muito, tagarelice.

O

* Oapixana: tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima, nas fronteiras com a Guiana.
* Oca: cabana ou palhoça, casa de índio ( ocara, manioca).
* Ocara: praça ou centro de taba, terreiro da aldeia.
* Ocaruçu: praça grande, aumentativo de ocara.

P


* Pará (1): rio.
* Pará (2): prefixo utilizado no nome de diversas plantas.
* Paracanã: tribo indígena encontrada durante a construçao hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, Para.
* Paraíba (1): paraiwa, rio ruim, rio que não se presta à navegação.
* Paraibuna: rio escuro e que não serve para navegar.
* Paraná: mar.
* Pauá (tupi): (pawa, pava) tudo, muito, no sentido de grande extensão.
* Peba: branco,branca (tinga, peva, peua).
* Pereba: pequena ferida.
* Pernambuco: mar com fendas, recifes.
* Piauí: Rio de piaus (tipo de peixe).
* Pindaíba: anzol ruim, quando não se consegue pescar nada.
* Poti: camarão.
* Potiguar: pitiguar, potiguara, pitaguar, indígena da região nordeste do Brasil.
* Puã: redondo (irapuã).
* Puca: armadilha (arapuca, puçá).
* Puçá: armadilha para peixes.

Q

* Quecé: faca velha.
* Quibaana: tribo da região Norte.

R

* Raira: filho (membira).
* Ré: amigo (geralmente usado como sufixo: abaré, araré, avaré).
* Rudá: deus do amor, para o qual as índias cantavam uma oração ao anoitecer.
* Ru: folha (jurubeba).

S

* Sapiranga: olhos vermelhos, (çá: olhos, piranga: vermelhos).
* Sauá: uma das espécies de macaco.
* Sergipe: rio do siri.
* Surui: tribo do parque do Aripuanã, Rondônia.

T


* Tapuia: designação antiga dada pelos tupis aos gentios inimigos, índio bravio.
* Tembé: lábios (Iracema, iratembé).
* Tiba: (tiwa, tiua, tuba) abundância, cheio.
* Tijuca: lama, charco, pântano, atoleiro.
* Tinga: branco, branca.
* Tiririca: arrastando-se, alastrando-se, erva daninha que se alastra com rapidez.
* Tocantins: bico de tucano.
* Tupi (1): povo indígena que habita(va) o Norte e o Centro do Brasil, até o rio Amazonas e até o litoral.
* Tupi (2): um dos principais troncos lingüísticos da América do Sul, pertencente à família tupi-guarani.
* Tupi-guarani: um das quatro grandes famílias lingüísticas da América do Sul tropical e equatorial.

U

* Uaçá: caranguejo.
* Uaná: vagalume (urissanê).
* Ubá: canoa (geralmente feita de uma só peça de madeira).

V

* Vapidiana: tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima.

W

* Wapixana: tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima.

X

* Xaperu: tribo da região Norte.
* Xará: (X-rer-á) tirado do meu nome.
* Xavante: tribo indígena pertencente à família lingüística jê. Ocupa extensa área, limitada pelos rios Culuene e das Mortes, Mato Grosso.
* Xoclengue: tribo caingangue do Paraná (rio Ivaí).

Y

* Yacamim: ave ou gênio, pai de muitas estrelas (jaçamim).
* Yamí: noite.
* Yapira: mel (japira).
* Yara: deusa das águas, lenda da mulher que mora no fundo dos rios.
* Yasaí: açaí, fruta que chora.
* Yawara (tupi): jaguar, cão, cachorro, lobo, gato, onça.

Z

* Não há vocábulos.

Leia mais
A Exumação

A Exumação

Enquanto a matéria do indivíduo morto se transforma pela decomposição, são realizadas as iniciações (aije) dos rapazes jovens da aldeia. É a partir da iniciação que se permite o acesso aos segredos do mundo ancestral, inacessíveis às mulheres e às crianças. E é apenas após esse ritual de iniciação que o jovem homem pode ter uma mulher, da metade oposta à sua, com a qual terá filhos.

No dia seguinte ao ritual aije, restos mortais são retirados da cova rasa, dando lugar aos pertences do falecido para que sejam incinerados.

Os ossos do morto são levados a um rio, onde deverão ser cuidadosamente lavados pelo aroe maiwu, seu representante social. O representante do finado assumirá um papel ativo na desfiguração e posterior refiguração do indivíduo morto. Como retribuição, receberá inúmeros enfeites da família do finado, com um arco, nomes e a possibilidade de casar-se com uma mulher do clã do morto.

Os ossos, depois de lavados, são cuidadosamente dispostos em um cesto de palha que será levado de volta à aldeia e entregue à mãe ritual do morto, responsável por carregar o cesto até a casa dos homens, onde serão ornamentados.

A partir daí, serão três dias (tríduo) de intensos rituais, com muita música e dança. Ao dançar no pátio central, o aroe maiwu carrega consigo algum objeto que pertencia ao morto. Este contato estabelecido entre o representante e o morto (simbolizado pela presença daquele objeto), demonstra o elo ali consagrado.

A forma esteticamente cuidada como o aroe maiwu se apresenta, dançando em movimentos leves puxados pelo som dos maracás, contrasta com a impactante imagem da desfiguração daquele a quem ele representa.

Leia mais
Simple blog post 4

Massa turpis ornare nec commodo non, auctor vel felis. Etiam pharetra, turpis nec sollicitudin cursus vestibulum varius hendrerit turpis quiseam cursus. Nonec bibendum vestibulum Kravida.

feedback